Para mim, ler e escrever nunca foi chato nem difícil, pois sempre gostei
tanto de ler quanto de escrever.
Recordo-me de muitas coisas, principalmente do incentivo e da dedicação
de minha mãe, que tinha o dom de ensinar.
Por volta de 1937, esteve no
Colégio Bom Conselho em Taubaté-SP, como órfã; não como interna pagante. Como
ela mesma dizia: "Como órfã, eu tinha que aprender para ensinar as
internas. Aprendi mais que muita jovem interna, embora não tenha me
formado." Ela gostava de ler, escrevia muito bem e tinha uma caligrafia de
professora primária. Foi ela quem alfabetizou meu pai, e sempre me contava
histórias infantis, cantava para mim, me ajudava com as tarefas e com os
trabalhos escolares. Ensinou-me os numerais romanos, pois tinha dificuldade em
aprendê-los.
Fui tia aos quatro anos de idade, e logo que aprendi a ler, já comecei a
ler histórias infantis para os meus sobrinhos. Eu me divertia com os livros
coloridos e cheios de ilustrações, e ficava conhecendo cada vez mais histórias:
Pinóquio, Os Três Porquinhos, Branca de Neve e os Sete Anões, Chapeuzinho
Vermelho, Cinderela, A Bela Adormecida, João e o Pé de Feijão, O gato de Botas
etc.
Quando eu tinha meus oito anos, minha mãe lia para mim histórias bíblicas
do Antigo Testamento, com uma doçura, que lhe era peculiar. Eu adorava, e logo
comecei a ler sozinha também. Eram fascículos com histórias ilustradas e muito atrativas.
Nas séries iniciais do primário, lembro-me que fazíamos na escola, as
chamadas composições, a partir de paisagens coloridas, que ficavam
expostas num tripé à frente da sala de aula. Eu gostava e tinha facilidade para
escrever minhas histórias.
No ginásio e no colegial, não foi diferente, sempre fui curiosa,
interessada, detalhista e perfeccionista. Gostava de escrever, fazia anotações
nos livros que lia, anotava tudo o que achava interessante: nas aulas, em
palestras. Gostava de gramática, gostava de fazer pesquisas, organizá-las,
escrever textos de desabafo, redações argumentativas, consultar o dicionário,
fazer palavras cruzadas e já me arrisquei em escrever um ou outro poema também.
Tinha notas muito boas nas redações.
Na adolescência, organizei um caderno com muitos pensamentos, o qual se
perdeu. Porém, ainda tenho o hábito e o prazer de anotar pensamentos,
mensagens, reflexões, poemas etc. Tenho o costume de levá-los para iniciar as
minhas aulas.
Gostaria de registrar, que dentre os livros que li na adolescência e
reli mais tarde, O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint Exupéry, é um dos meus
favoritos, adoro suas mensagens poéticas e filosóficas sobre a vida e a
amizade.
Aos dezessete anos (hoje tenho 51), romântica e apaixonada pelo jovem
que hoje é meu marido, organizei, durante onze meses, um caderno de poemas,
letras de música, pensamentos, salmos, textos reflexivos e românticos, citações
de livros, entre outros textos escolhidos cuidadosamente; tudo escrito e
decorado com capricho. Fiz uma pequena introdução no início, e no final, fiz o
fechamento com palavras minhas e com o Salmo 23. Ele existe, está bem
conservado, guarda flores e folhas secas em algumas de suas 136 páginas
amareladas pelo tempo, suas mensagens, são lindas, atuais e ainda me emocionam
muito!
Enfim, as minhas lembranças e experiências com a leitura e a escrita são
muito boas. Talvez, por essas e outras eu tenha escolhido fazer a faculdade de
Letras...
Adoro ler poesia, romances românticos, salmos e provérbios bíblicos,
contos de fadas e histórias infantis, textos e livros de autoajuda,
curiosidades, tudo sobre folclore, dicas de moda, beleza, saúde, alimentação
etc.
Alguns escritores que aprecio: Cora Coralina, Vinícius de Moraes,
Drummond, Cecília Meireles, Mário Quintana, Manuel Bandeira, Clarice Lispector,
Castro Alves, Fernando Pessoa, Miguel de Cervantes, Shakespeare, John Steinbeck,
entre muitos outros.
A leitura me leva a viajar para outros mundos, a imaginar ambientes, personagens,
trajes, detalhes, nuances, objetos, expressões visuais etc. É como se eu fizesse
parte da história que leio.
O ato de ler é muito interessante e envolvente. Além de nos levar a
conhecer outros mundos, sem sair do lugar; é uma experiência pessoal, única e
intransferível. Cada leitor tem a sua, a partir de suas próprias impressões e
sensações durante a leitura.
Cada leitor, quando conta o
que leu, o faz do seu jeito, mesmo que conte a mesma história que outra pessoa,
o faz de modo particular.
Postado por: Eliana Freitas
Eliana, eu também adoro todos estes autores, mas a minha preferida, hoje, é Clarice Lispector. Há muita verdade em sua obra. O livro que marcou minha vida de leitora foi "A hora da estrela", não apenas pela obra prima que é, mas também por ter conhecido a personagem principal, Macabéia, esse encontro me tornou uma pessoa melhor.
ResponderExcluirOi, Eliana. Adoraria conhecer seu caderno. Seu depoimento é maravilhoso e também gostaria de desenvolver a escrita como você faz. Um abraço. Claudete.
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